Thursday, February 28, 2008

mentira

Digo o que te
Desagrada e nada
Nada digo
Que te agrade
A minha boca diz noutras palavras
Tudo tudo o que te agrada
E nada diz que te
Desagrade
A minha língua é a lua
Fora da boca da mente
E eu falo à tua carne
À pele da tua alma
Colando a minha à tua
Ambos sabemos
Que pior que tudo
É a mentira

Tuesday, February 05, 2008

os Outros

Cortei o queijo abri o pão e comi
Duas vezes o mesmo gesto
Sentei o desejo e bebi
Duas vezes o mesmo gesto
Repetir é dançar sem música
Carregar em silêncio as batidas
Do costume
O coração repete, talvez o som
No igual vive o diferente
A saltar para além
Sento-me
Aqui é o horizonte dos meus olhos
Tocá-lo
É abraçar o que me empurra
Sempre para além
E quando vou, cego as alturas
Com os meus pequenos medos
Frágil é a leveza da carne
Que foge para a terra
Doce a queda que se parte
Antes da partida
Tudo retorna
Os ecos são a melodia e tudo avança
As pedras são areia e o vento
Acorda para adormecer
Em cada mão o universo se abre
E se fecha e tudo se despe pela chegada
E tudo se veste pela despedida
Não é preciso mais
Basta guardar apenas o que não se quer
E seguir esta viagem com este vazio
De nada ter
E ir
Ir sempre para além
Dar a mão e sentir
Que estamos cheios da paz que vem dos outros