Friday, October 19, 2007

este porto

Andam sem passar as coisas pelo ar
Num gosto de embarque
O gosto de ir,
partir sem deixar o lugar
Do outro lado está alguém,
neste também
As raízes são mais fortes
a água tem outro sabor
Levamos o que pudemos
deixamos outros que nos agarram
É preciso voar, como a brisa,
tocar sem prender
Agitadas as pernas
gatinham cegas pelo chão
que nos sentiu o peso
A boca abre-se aos cheiros
e os olhos inventam
histórias medievais
Aonde as mulheres baixavam os olhos
a quem neles se prendiam
Pormenores do tempo sem tempo
Outros serão os olhos erguidos
Tudo se encaminha no próprio caminho
O medo só existe nas falhas das rochas
que não suportam o vento
O invisível cativa o que nos agacha
Andam as coisas pelo ar e não as quero
deixo-as
Assim entre os círculos dos nossos pés
inquietos
Tudo e todos estão em tudo
e em todos e em cada um
Dizer-lhes que todas as viagens
se quedam no peito
aonde todos os navios aportam
Estar aqui é a minha viagem
sem destino nem partida
Com este desejo de sabor a gente,
a terra, a mar e ao vento
Com esta vontade viva de estar junto de vós

Saturday, October 13, 2007

um pouco de amor

Quero só um pouco de amor
De uma mulher que não me peça paz
Um pouco de amor, nada mais
Quero morrer com uma mulher
Que me ame um pouco
Basta um pouco, nada mais
Viver já não quero, basta-me o amor
Pouco de uma mulher que não me peça a paz
Quero só um pouco de amor
Nada mais
E se tiver alguma paz e a queiras
Dou-ta por esse pouco amor que me dás

Tuesday, October 09, 2007

a suave medida

A suave medida
Imprimia andamento
Forma substancial
Atmosfera e pulmões
Ar e melancolia
Invariável refrão
A natureza cria
Amplitude, intuição
Tempestade e fantasia
Unidade espiritual
Moldura,quadro,inspiração
Irreverente decoro original
Vagabundo sentimento
Indução de leitor
Deste livro da vida