Friday, October 19, 2007

este porto

Andam sem passar as coisas pelo ar
Num gosto de embarque
O gosto de ir,
partir sem deixar o lugar
Do outro lado está alguém,
neste também
As raízes são mais fortes
a água tem outro sabor
Levamos o que pudemos
deixamos outros que nos agarram
É preciso voar, como a brisa,
tocar sem prender
Agitadas as pernas
gatinham cegas pelo chão
que nos sentiu o peso
A boca abre-se aos cheiros
e os olhos inventam
histórias medievais
Aonde as mulheres baixavam os olhos
a quem neles se prendiam
Pormenores do tempo sem tempo
Outros serão os olhos erguidos
Tudo se encaminha no próprio caminho
O medo só existe nas falhas das rochas
que não suportam o vento
O invisível cativa o que nos agacha
Andam as coisas pelo ar e não as quero
deixo-as
Assim entre os círculos dos nossos pés
inquietos
Tudo e todos estão em tudo
e em todos e em cada um
Dizer-lhes que todas as viagens
se quedam no peito
aonde todos os navios aportam
Estar aqui é a minha viagem
sem destino nem partida
Com este desejo de sabor a gente,
a terra, a mar e ao vento
Com esta vontade viva de estar junto de vós

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