Thursday, July 14, 2011

a tua mensagem

O outlook olha-me de fora a empurrar-me para dentro
De uma resposta ou de uma mensagem a perguntar-me
Por ti
Reencaminho pelos espaços que me atraem e expulsam
- Aonde estás?
Apago os rastos do devaneio semeando os sítios
Talvez escutem
Uma frase ou palavras tão gastas como os sentidos
Os teus olhos poderão ser a linha das mãos que seguram o novelo
Gravo o toque de um despertar antigo
Penedia a brilhar em espasmos envolventes
Acariciados entre dedos amantes e gestos de mar urgente
Sentes?
As ondas repetem marés
A substância inventa as formas do impossível
No resguardo das pestanas oceanos de ternura
Num beijo que nos trinca o coração
Sentes mesmo?
Ser o não ser que se espera desesperadamente
Por instantes tão breves quem nem o tempo descortina
Antes e depois do nada sermos tudo

Friday, January 28, 2011

a tua voz

Como vês ainda não morri
Mais importante é saberes que te ouço
No silêncio dos dias ausentes
Tens-me sempre aqui

A tua boca minha amiga tudo me diz
Mesmo quando dobrada nos dentes
Se fecha
Desse lado ao lado de ti

Escuto o coração a falar de nós
Adoço o meu caminho
E a pensar em ti
Sigo levando no peito a tua voz

Thursday, July 29, 2010

A tua voz

A voz de uma estranha ensurdece
Eu sei que não é
Nunca foi nem pode ser
Uma voz
Simples entre lábios
Os mesmos por onde se escapa a alma
Não os tenho nem vejo
Doces frutos
Pura semente
Carne aqui
Distantes me dizem agora
A voz de uma estranha ensurdece
Eu sei que não é
Nunca foi nem pode ser
Uma estranha
O meu desejo
Sem forma apenas som
Húmido abraço da tua saliva
Sempre a ir embora
Aconchega e me tece
No que não dizes e escuto
Talvez se encontrem um dia
Entre as nossas bocas
A ouvir
A voz de uma estranha ensurdece

Tuesday, May 04, 2010

olá

olá mulher - louca
que me abres o peito aonde lanças as palavras

olá mulher - solidão
que me fechas o peito aonde semeias e lavras

olá mulher - mulher exactamente tu que me lês
desse lado distante

Aonde desaguam as encruzilhadas

Deixa-me ser o que não vês

Tuesday, April 13, 2010

a ouvir-te

Não me procures nas páginas vê-me nas folhas
Não me procures em casa vê-me na erva
Não me procures nos discursos vê-me na voz
Não me procures nos dedos fechados vê-me nas mãos abertas
Não me procures nas águas paradas vê-me nos mares
Aí estarei a ouvir-te
Mesmo que não me encontres
Serei eu a encontrar-te

Meu tudo

Antes de me deitar vou-te escrever uma carta:
- Olá!
Aqui neste lugar à tua espera só mer estas tu
Meu tudo!
Quando a abrires já não estarei cá
Deixo-te o lugar
Aqui à nossa espera

Thursday, November 26, 2009

Olá mulher

Olá esquecimento fecundo
Minha árvore e doce sombra
Meus lábios de rosas silvestres
Meu lago e meu pranto
Silva rasgada em carne
Alma do meu planar
Mulher minha meu encanto

Olá lembrança cruel
Que decepas a cor da vida
Diz-me que um dia virás
Arrebatar a morte em cada segundo
Dar forma à tua forma
Amanhecer sorridente
De ti ao teu encontro

Olá mulher
Porque me queres ausente de nós?!
Vem recolher os despojos de todas as batalhas
Para ti foi tudo o que já não sou
E o que resta ainda é teu
Leva a manta que te agasalhe
Deixa o frio a este pó

Wednesday, November 25, 2009

olá mulher

Olá desassossegada mulher
Que me dás paz
Estirada nesse canto
Aí me dispo entre os indefinidos pasmos dos teus horizontes
Por eles me carregas
E sigo pelos trilhos do teu cheiro
Para onde me levas?
Como se me interessasse saber para onde vou
Ou se soubesse aonde estás?!
Adivinhar as tuas formas bastam aos meus olhos sem pouso
Saborear-te apenas em sonhos que não recordo
Olá desassossegada mulher
Que me tiras a paz
Estirado neste canto
Aonde te despes entre os indefinidos pasmos dos meus horizontes
Por eles te carrego
E sigo pelos trilhos do teu cheiro
Para onde me levas?
Como se me interessasse saber para onde vou
Ou se soubesse aonde estás?!