Thursday, July 29, 2010

A tua voz

A voz de uma estranha ensurdece
Eu sei que não é
Nunca foi nem pode ser
Uma voz
Simples entre lábios
Os mesmos por onde se escapa a alma
Não os tenho nem vejo
Doces frutos
Pura semente
Carne aqui
Distantes me dizem agora
A voz de uma estranha ensurdece
Eu sei que não é
Nunca foi nem pode ser
Uma estranha
O meu desejo
Sem forma apenas som
Húmido abraço da tua saliva
Sempre a ir embora
Aconchega e me tece
No que não dizes e escuto
Talvez se encontrem um dia
Entre as nossas bocas
A ouvir
A voz de uma estranha ensurdece