Saturday, November 25, 2006

joaosevivas

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Poema do dia:

É nestas alturas
Bem longe e dentro de mim
Que melhor ouço e falo
O som do lápis que aparo nos dentes
E lavo em vinho

É nestas alturas
Distante e tão perto de mim
Que escrevo a voz
Acordada
Pela porta dos dedos

É nestas alturas
Que me desnudo, purifico e digo
Amo-te
Amo-te a ti e a mais ninguém
A não ser a todos os que me escutam
Na dor de de uma precoce saudade
E sigo a falar sozinho

Monday, November 06, 2006

joaosevivas

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Frase do dia: que tudo te corra bem!

Poema do dia:

O carregador do telemóvel
Mordia o mundo
Pelos seus fios as cabeças se vestiam
De falas iguais, recados semelhantes
Apenas corrente e nunca a voz
Era a ponte, o intermediário, o sustento
Boca gigante de negros dentes
Ligados ao bolso pálido da gente
Nunca o alimento
Ou o cais
Nos lábios da surda carne
Selava o vácuo da muda alma

Thursday, November 02, 2006

joaosevivas

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Frase do dia: Um dia damos as mãos e vamos sobre as ondas

Poema do dia:

Quando ergui os olhos
Encontrei alguma paz
Cansados na areia
Molhados
Trouxeram-me o mar
Caminhei sobre as ondas
Sem medo de cair
Conhecia o fundo
Era preciso navegar
Era preciso descobrir
O vento cortava a carne
Pesada sem velas
Aumentava a distância
De novo só o ânimo
De inventar outra ilha
De arrastar
A pesada âncora
Mas segui
Até encontrar a praia
Aonde tu estavas à minha espera
E só então compreendi
Que eras a minha liberdade