joaosevivas

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Frase do dia: Sem ti que me ouves o universo seria insuportável

Poema do dia:


Estas folhas que aqui vês
São tuas
Não são de papel
São de nervos, muitos nervos
E de ternura
Toca-lhes sem as magoar
Elas já estão magoadas
Pertencem à mágoa das palavras
Estão aqui por ti
Para respirares nelas
O seu próprio ar

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Frase do dia: Olá companhia, juntos é sempre mais fácil

Poema do dia:

Ainda é cedo para ser demasiado tarde
Levanto os pés, encosto as mãos, lavo os olhos
Em todas as penumbras da terra
Por todas as saliências do céu
Ouço e não distingo a idade
Abraço, sonho e discuto
Rajadas de chuva acordam
O chão
Cheiro estas células de água
Nelas caio em pé e descalço
Erguido sigo e fabrico
Temporais de carbono
Com os dentes cavo viagens de unhas cravadas nas pedras
Onde todos os barcos se mutilam
Os pulmões entram no ar
Nas cavernas o coração atrofia
O caminhar é de colheita
Um filho é o desespero da confissão

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Frase do dia: Nasce sempre a noite para adormecer o dia

Poema do dia:

À porta os músculos
Interrompem o senso
O ritual é de ancas
E corpos
Nos copos o gelo é metafórico
Pelas gargantas canta o álcool
Os seios falam de noites acordadas
As garrafas caladas olham impávidas
A saltar
O som é sensual, o ar cheira
A cama desfeita
E as mãos pirilampos companheiros
Levam à boca
Entre palavras e beijos
E entre as pernas outra louca grita
Desejos

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Frase do dia: Vou engordando sem sabor

Poema do dia:

Os fardos esmagam
As cordas dos nervos esticadas
Envelheci sem dar conta
Talvez no berço, não me recordo
Despido e de cabeça atada
Vou ao mundo passado
Que bem me soube aquela cabeça de leitão na boca da minha cadela
Gastas rodilhas domesticam os sentidos
E a nada me soube esta vida
Perdi a boca
E só ganhei a prisão
Amanhã regarei as árvores
Poderia morrer
A morte precisa de vida
Não gosta de preguiça
Irei como estou
Calçado
E cheio de sede

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Frase do dia: Não te procupes com o que pensem a história somos nós

Poema do dia:

Que bem me sabia um caldo
Feito por ti ou na tua companhia
Um bocado de broa das tuas mãos
Ou ver-te comer ao meu lado
De couves, feijão e cebola
A fumegar e a durar
Um copo de vinho e de conversa
Talvez um casal, talvez
De mãos entrelaçadas
E de palavras
Que bom seria, que bom
Ouvir a chuva a cantar
Lá fora, que dentro
Dentro estamos nós
Ouvia as tuas queixas, ouvia
Mastigava o sabor
E saboreava, saboreava